quarta-feira, junho 16, 2004

Contradições Paulinas

Seria cômico se não fosse trágico! Mais um episódio da novela "Paulo Saindo Pela Tangente Maluf" acabou com um sorriso largo e amarelo do ex prefeito de São Paulo. Nessa terça-feira, mais uma vez ele saiu ileso da audiência na Promotoria de Justiça com o mesmo discurso de sempre: "Jamais assinei este documento"!

Dá pra acreditar numa coisa dessas? Depois de tantas evidências, o cara ainda tem a coragem de dizer que não tem nada a ver com isso? Está cada dia mais difícil esconder a lama nos bolsos, meu caro Maluf. Caro saiu a conta que o Brasil pagou pra garantir a mordomia e herança da prole Maluf. O pior é que a justiça ainda lhe garante alguns privilégios como redução de pena por ser maior de 65 anos, além dos inúmeros recursos que ele pode requerer, só pra atrazar o processo.

Ah, se isso fosse a 2000 anos atrás... O seu chará certamente estaria enfurecido. Paulo Maluf vive a vida de um apóstolo às avesas. Paulo, o discípulo de Jesus, negou todas as mordomias de uma vida tranquila como pensador romano, professor das doutrinas judaicas, fariseu e perseguidor de cristãos, para tornar-se o discípulo que mais viajou em nome da evangelização dos povos. Negou a tudo e ainda trabalhava no ofício de fabricar tendas para custear suas viagens.

É ironicamente interessante como a realidade destes dois Paulos é contrária e inversamente proporcional. Enquanto um negou toda sorte de fortuna e poder, o outro buscou com unhas e dentes a fortuna sorrateiramente conquistada às custas do povo, do assalariado. Indivíduos estes que por sua ignorância acabarão por serem seduzidos pelo discurso populista, quero dizer, malufista, dando seu voto a este Paulo nas próximas eleições à prefeitura de São Paulo.

"Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm", ou diria Paulo, o Maluf, parafraseando seu chará, Paulo de Tarso, "Todas as coisas me são lícitas, e todas me convêm"!