segunda-feira, agosto 30, 2004

Ahhh... Se isso acontecesse com o Tio Sam!

Mais uma vez nós brasileiros tivemos de engolir a seco mais uma amostra do cruel destino do nosso povo no contexto mundial. Nosso querido e heróico Vanderlei Cordeiro de Lima deu um show de garra, perseverança e espírito olímpico no final da tarde de domingo em Atenas. Bom, todos esses elogios ao nosso maratonista estão estampados nos principais tablóides ao redor do mundo, e não é preciso mais palavras.

"It took 108 years for the men's Olympic marathon to return to its origins, and just a moment for a defrocked Irish priest to affect the legitimacy of the result." - New York Times, 29 de agosto.

Esta manchete estampada em um dos mais importantes jornais do mundo expressa bem o sentimento de muitos, que viram uma possível medalha de ouro ser defraudada do brasileiro, escrevendo uma história que mancha o belo trabalho grego de celebração durante a mais nobre e talvez mais importante prova olímpica. Por um lado, nenhum dos atletas é culpado pela insanidade de um padre amargurado, que fora escomungado de sua paróquia por escrever um livro contundente em meados da década passada. Horan, que deve pagar multa de € 3 mil ficará em condicional por um ano, mas cumprirá a pena em liberdade.

Muitos jornais consideraram a situação "bizarra", "constrangedora", mas o que foi mais bizarro e constrangedor foi a decisão do Comitê Olímpico e da comissão organizadora, juntamente com o presidente da Associação Internacional de Atletismo em presenteá-lo com a Medalha de Horna Pierre de Coubertin. Essa condecoração vem em tom de "estamos nos livrando dessa responsabilidade", ou ainda "não podemos fazer nada, são coisas da vida".

Agora eu pergunto: E se isso tivesse acontecio com algum Michael Phelps ou Shawn rawford da vida? Será que os americanos - que se acham mais americano que a gente - se contentariam com o bronze ou ainda com uma Pierre de Couberin?

Pois é meus amigos... Será que temos essa força?